terça-feira, fevereiro 7

ANÁLISE AO EURO 2006 EM ANDEBOL, POR EUGÉNIO BARTOLOMEU

HOJE ANDEBOLO EU…

EURO 2006 – A CONFIRMAÇÃO DE VÁRIAS SUPOSIÇÕES!

Finalizou no passado domingo o Campeonato Europeu de Andebol, o qual veio trazer a confirmação de várias suposições acerca de inúmeras questões que envolvem o andebol nacional e internacional.
A nível nacional aconteceu o que, à partida, muitos esperavam, ou seja, uma participação da nossa selecção sem grandes possibilidades de atingir algum brilhantismo. Ao fazer esta afirmação não quero colocar em causa os atletas ou os técnicos, mas sim a organização que temos e as questiúnculas entre Federação e Liga, desde que este processo se iniciou que a nossa selecção passou ao declínio, depois de uma fase de enorme ascensão. Sendo que a nossa prestação foi exactamente o espelho deste constante desarranjo institucional e, parece-me que, enquanto não se chegar a um entendimento e enquanto não estabilizarmos as nossas competições internas de uma vez por todas, não voltaremos a atingir patamares anteriormente alcançados.
Outra situação que a nossa selecção tem que não a favorece muito é a sua vertente física, senão vejamos a nossa primeira linha, onde pontificaram essencialmente Eduardo Filipe, Luís Gomes, Pedro Gama e Carlos Carneiro, os quais apesar de serem tecnicamente dotados dificilmente conseguem grandes feitos contra defesas com elevada estatura. Como é natural chegou também a hora da renovação, a hora de deixarmos de olhar para a geração do Carlos Resende como os nossos sustentáculos e partirmos para a sempre difícil reestruturação de uma selecção.
A tudo isto aliou-se o facto de, devido a essa fase de reestruturação, novos valores terem maior evidência e ainda demonstrarem uma natural imaturidade em fases cruciais das partidas, onde não houve discernimento suficiente para realizar eficazes combinações atacantes, onde me pareceu que Portugal esteve um pouco abaixo do que poderia apresentar.
A nível individual pretendo deixar uma palavra ao nosso guarda-redes Hugo Figueira pela sua participação, assim como ao Ricardo Costa que se apresentou em bom plano, sem contudo perder a oportunidade de enviar um forte abraço ao habitual campeão da boa disposição, o Pedro Gama.
Quanto ao trabalho do seleccionador nacional, Mats Olsson, julgo que fez seu o melhor, atendendo às contingências, não querendo fazer grandes juízos de valor, ou grandes avaliações ao trabalho de um colega, pelo qual nutro um imenso respeito pelo seu passado e pela sua postura na modalidade.
A nível internacional, ou seja, em relação à prestação das restantes selecções deste Campeonato da Europa, permitam-me, antes de mais nada, expressar a minha imensa angústia por não ter conseguido o apuramento a minha selecção de eleição, a Suécia. Pelo seu rigor táctico, pelo primor técnico e pela sua diferente abordagem não só ao jogo, mas a toda uma envolvência do que rodeia a preparação de uma competição deste nível e a sua forma de estar e de se apresentar, a forma como estrutura a nível mental os seus jogadores. Enfim, foi uma pena, mas também as grandes selecções passam por fases de renovação e foi precisamente esse um dos factores que conduziu à sua ausência.
Quanto às prestações das selecções que participaram neste campeonato, todos pensávamos que a Croácia, bi campeã olímpica, conseguiria atingir um lugar mais alto na classificação, assim como a Alemanha, mas, na minha opinião, venceu o andebol menos rígido tacticamente, aquele que fez maior uso de situações de contra-ataque, aquele que praticou um andebol mais rápido e eficaz.
Para quem viu a final entre a Espanha e a França cedo se apercebeu que ambas as equipas tinham algum acerto defensivo, contudo os ataques eram bastante eficazes, não havendo situações de táctica ofensiva com extrema elaboração, mas sim o delinear de trajectórias e de atracções perfeitas, aliadas a posicionamentos rigorosos, os quais deram excelente resultado. Parecendo-me que foi exactamente aí que residiu a diferença entre as duas selecções, pois a França foi mais precisa, mais objectiva nos seus movimentos, assim como melhor estiveram tecnicamente os seus atletas. Enquanto que a Espanha, apesar de me parecer um pouco mais fatigada fisicamente, teve também menor acerto ofensivo e encontrou no guardião francês Thierry Omeyer (considerado o melhor guarda-redes da competição) um obstáculo de difícil transposição.
Curiosamente apenas o guarda-redes francês foi eleito para a selecção ideal, a qual apresento: Thierry Omeyer (GR, França), Eduard Kokcharov (Rússia), Iker Romero (Espanha), Ivano Balic (Croácia), Rolando Urios (Espanha), Olafur Stefansson (Islândia) e Soren Stryger (Dinamarca).
Sendo o melhor marcador - Siarhei Rutenka (Eslovénia) e o melhor jogador (Most Valuable Player) - Ivano Balic (Croácia).
Foi sem dúvida uma competição de grande nível, com um vencedor um tanto inesperado, com andebol de elevada condição, contudo a Portugal, em termos televisivos, apenas chegaram os jogos da nossa selecção e a final, pouco para uma competição deste tipo!
Um abraço,
Eugénio Bartolomeu

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