SESSÃO DE TREINO – UM ACTO CIENTÍFICO
A minha crónica de hoje tem como objectivo explorar um pouco do trabalho que se realiza actualmente, a nível técnico, na modalidade que conheço (embora esta situação se possa estender a todas as outras). É um lugar comum ouvirmos comentadores desportivos, a respeito do futebol, afirmarem que hoje em dia a diferença entre o trabalho que se realiza nos clubes de pequena dimensão é muito semelhante ao dos chamados grandes e por isso estes já não se passeiam nos campeonatos. Sem dúvida que isto, apesar de ser verbalizado com algum empirismo, tem alguma veracidade, mas nem só no futebol esta situação acontece (contudo os meios ao dispor desta modalidade em nada se pode comparar a outras). Vejamos o caso do andebol:
No mês de Junho de 2005 tive a oportunidade de acompanhar de perto o trabalho de um técnico que, na minha modesta opinião, é somente um dos nossos melhores especialistas (senão o melhor) na área de metodologia de treino, o seu nome Pedro Alvarez, actualmente a coordenar toda a formação do Belenenses e responsável pela sua equipa de Juniores. Numa espécie de estágio/formação que realizei com ele fiquei a conhecer um pouco melhor o seu trabalho, trabalho esse que é um autêntico acto científico, onde nada é deixado ao acaso, onde o atleta é considerado como um mecanismo (no bom sentido do termo) no qual tem que ser aplicado determinado trabalho específico para atingir determinado apogeu em determinada fase da época. Para se ter uma noção desta especificidade, em cada atleta são analisados constantemente vários índices desde proteicos a vitamínicos, desde controlo alimentar a sinais específicos de fadiga, tudo isto volto a frisar numa equipa Júnior.
Obviamente que no ano passado esta equipa foi campeã nacional da 1ª Divisão e só averbou uma derrota para a Taça de Portugal frente ao FC Porto (o seu único inêxito).
Comigo neste estágio/formação esteve o actual técnico do Água Santas, Paulo Faria, o qual inserido num trabalho também ele metodológico está a obter excelentes resultados na sua primeira época como técnico principal, logo no Campeonato da Liga. A prova do destaque que o seu óptimo trabalho está a alcançar foi na semana passada ter o privilégio de ter uma entrevista de uma página num dos maiores jornais desportivos do nosso país.
Estes dois casos foram por mim destacados para ilustrar que também a nível do andebol o treino é um acto científico e que os técnicos vão cada vez mais obtendo maior e melhor formação para trabalharem ao mais alto nível. Contudo existe sempre a barreira “condições de trabalho”, a qual é mais acentuada na dimensão actual, não só dos clubes onde se trabalha, como também na projecção da modalidade.
A breve abordagem a este tema teve como principal objectivo dar a conhecer o que é o planeamento actual para uma equipa, onde nada pode ser deixado ao acaso e onde o espaço para os “curandeiros e aprendizes de feiticeiro” está felizmente a ficar cada vez mais reduzido. Julgo que desta pequena análise os leitores ficaram, talvez, com uma outra imagem do que é o trabalho técnico especializado de hoje em dia, o qual se desenvolve também nas modalidades que não são capa de jornais, com técnicos que não são (e talvez nem estejam interessados em ser) estrelas mediáticas, com atletas semi ou totalmente amadores, onde os resultados são alcançados sem que deles se faça muito destaque ou se dê sobeja importância, para mais, volto a enfatizar, se se tiver em conta as contingências que existem para realizar esse trabalho.
A exploração deste tema possibilitava escrever páginas e páginas e se esta situação acontecesse em conversa daria para horas e horas de troca de opiniões e de uma forma muito mais aprofundada do que foi feito neste texto, contudo não quis fazer dele um acto científico mas sim revelador de uma situação que muitas pessoas, mesmo as que têm alguma ligação ao desporto, não conhecem ou não estão despertas para o fenómeno.
Termino desejando a todos um excelente ano de 2006, com muitos sucessos profissionais, pessoais e que em casa de cada um a abundância deste novo ano seja a saúde!
Um abraço.
Eugénio Bartolomeu
A minha crónica de hoje tem como objectivo explorar um pouco do trabalho que se realiza actualmente, a nível técnico, na modalidade que conheço (embora esta situação se possa estender a todas as outras). É um lugar comum ouvirmos comentadores desportivos, a respeito do futebol, afirmarem que hoje em dia a diferença entre o trabalho que se realiza nos clubes de pequena dimensão é muito semelhante ao dos chamados grandes e por isso estes já não se passeiam nos campeonatos. Sem dúvida que isto, apesar de ser verbalizado com algum empirismo, tem alguma veracidade, mas nem só no futebol esta situação acontece (contudo os meios ao dispor desta modalidade em nada se pode comparar a outras). Vejamos o caso do andebol:
No mês de Junho de 2005 tive a oportunidade de acompanhar de perto o trabalho de um técnico que, na minha modesta opinião, é somente um dos nossos melhores especialistas (senão o melhor) na área de metodologia de treino, o seu nome Pedro Alvarez, actualmente a coordenar toda a formação do Belenenses e responsável pela sua equipa de Juniores. Numa espécie de estágio/formação que realizei com ele fiquei a conhecer um pouco melhor o seu trabalho, trabalho esse que é um autêntico acto científico, onde nada é deixado ao acaso, onde o atleta é considerado como um mecanismo (no bom sentido do termo) no qual tem que ser aplicado determinado trabalho específico para atingir determinado apogeu em determinada fase da época. Para se ter uma noção desta especificidade, em cada atleta são analisados constantemente vários índices desde proteicos a vitamínicos, desde controlo alimentar a sinais específicos de fadiga, tudo isto volto a frisar numa equipa Júnior.
Obviamente que no ano passado esta equipa foi campeã nacional da 1ª Divisão e só averbou uma derrota para a Taça de Portugal frente ao FC Porto (o seu único inêxito).
Comigo neste estágio/formação esteve o actual técnico do Água Santas, Paulo Faria, o qual inserido num trabalho também ele metodológico está a obter excelentes resultados na sua primeira época como técnico principal, logo no Campeonato da Liga. A prova do destaque que o seu óptimo trabalho está a alcançar foi na semana passada ter o privilégio de ter uma entrevista de uma página num dos maiores jornais desportivos do nosso país.
Estes dois casos foram por mim destacados para ilustrar que também a nível do andebol o treino é um acto científico e que os técnicos vão cada vez mais obtendo maior e melhor formação para trabalharem ao mais alto nível. Contudo existe sempre a barreira “condições de trabalho”, a qual é mais acentuada na dimensão actual, não só dos clubes onde se trabalha, como também na projecção da modalidade.
A breve abordagem a este tema teve como principal objectivo dar a conhecer o que é o planeamento actual para uma equipa, onde nada pode ser deixado ao acaso e onde o espaço para os “curandeiros e aprendizes de feiticeiro” está felizmente a ficar cada vez mais reduzido. Julgo que desta pequena análise os leitores ficaram, talvez, com uma outra imagem do que é o trabalho técnico especializado de hoje em dia, o qual se desenvolve também nas modalidades que não são capa de jornais, com técnicos que não são (e talvez nem estejam interessados em ser) estrelas mediáticas, com atletas semi ou totalmente amadores, onde os resultados são alcançados sem que deles se faça muito destaque ou se dê sobeja importância, para mais, volto a enfatizar, se se tiver em conta as contingências que existem para realizar esse trabalho.
A exploração deste tema possibilitava escrever páginas e páginas e se esta situação acontecesse em conversa daria para horas e horas de troca de opiniões e de uma forma muito mais aprofundada do que foi feito neste texto, contudo não quis fazer dele um acto científico mas sim revelador de uma situação que muitas pessoas, mesmo as que têm alguma ligação ao desporto, não conhecem ou não estão despertas para o fenómeno.
Termino desejando a todos um excelente ano de 2006, com muitos sucessos profissionais, pessoais e que em casa de cada um a abundância deste novo ano seja a saúde!
Um abraço.
Eugénio Bartolomeu
1 comentário:
Ainda bem que o desporto português (e em particular o andebol) vai pautando o seu comportamento, no que refere o treino físico, por índices técnico-científicos, de capacidade internacional. Não é por acaso que o nosso orgulho se verifica ao nível das selecções de futebol, de andebol, de atletismo e ainda de hóquei em patins. Infelizmente o resto é... paisagem!
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