quinta-feira, novembro 17

HOJE ANDEBOLO EU... (POR EUGÉNIO BARTOLOMEU)

LIGA & FEDERAÇÃO

A minha crónica hoje aborda uma das temáticas mais prementes do andebol actual: a criação da Liga Profissional, o diferendo com a Federação e suas consequências a vários níveis.
Quanto à criação de uma Liga Profissional de Andebol julgo que poderia ser uma ideia com “pés para andar”, contudo muito dependeria da sua orgânica e dos seus regulamentos.
Sendo concordante com a possibilidade da sua criação, existe um princípio do qual não se deve abdicar, esse princípio é o do mérito desportivo. Contudo é exactamente aqui que a Liga tem o seu erro de fundo, ou seja, é uma Liga de cumprimentos monetários (ou tenta ser…) e de desmérito desportivo.
Explicitando melhor a minha ideia, qualquer clube, esteja ele a disputar o campeonato da divisão que estiver (até pode estar no Regional) pode, desde que assegure as garantias financeiras, passar a competir na Liga Profissional. Convenhamos que a verdade desportiva fica enxovalhada. Se fosse uma Liga Profissional como por exemplo no futebol, onde à Liga chega quem por mérito a alcança, eu seria o primeiro a ver com bons olhos esta situação, mas esta subversão da verdade e do mérito parece-me que não traz nada de positivo.
Depois surgem as consequências, como por exemplo, e para grande desgosto meu, pois sempre tive lá grandes amigos, a situação que está a atravessar a Académica de Águeda. Este clube militava à duas épocas atrás na 3ª Divisão Nacional e alcançou a subida para a 2ª Divisão Nacional, mas houve alguém que idealizou a possibilidade de passar a competir na Liga Profissional, existiram (na altura) as garantias bancárias e lá foi uma equipa que estava a preparar o seu Campeonato na 2ª Divisão Nacional (na prática 4ª Divisão) para o topo do andebol português.
Onde esteve o mérito desportivo? Na garantia bancária!
O resultado, infelizmente, está bem à vista, pois não é de um momento para o outro que um clube com uma dimensão modesta passa a ter uma estrutura que o sustente no mais alto patamar. Assim, afunda-se o clube e ameaçam-se quase trinta anos de história de uma colectividade.
Julgo que se as promoções para a Liga fossem por mérito desportivo, quem lá chegasse correria menos o risco de desmoronamento, uma vez que houve um sustentáculo que lhe permitiu essa subida.
Enredado em tudo isto vem o diferendo entre Liga e Federação, o qual tem muitos contornos que conheço, outros que desconheço, mas que parece estar longe de um final feliz e está, isso sim, a dividir cada vez mais a modalidade.
Está na hora de haver consensos e união por uma modalidade nobre e que internacionalmente tem ultimamente trazido orgulho ao nosso país. Mas seja qual for o futuro da Liga e da Federação que seja pela melhoria do estado de coisas, sempre, mas sempre assente na verdade desportiva.
Já que mencionei neste espaço o nome do clube Académica de Águeda quero explicitar que não o fiz por desmerecimento deste mau momento que atravessa, mas para dar um exemplo real de uma situação que não deveria acontecer. Aproveitando para desejar a todos os intervenientes no processo, desde treinadores, a jogadores, directores e massa associativa, que bons ventos lhes tragam um futuro ao nível dos seus pergaminhos.
Um abraço.
Eugénio Bartolomeu

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